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De acordo com a incorporadora responsável pelo empreendimento, a previsão é de que as obras de reconstrução da área de lazer comecem ainda neste mês

 

Um ano após o desabamento da área de lazer do Grand Parc Residencial, na Enseada do Suá, em Vitória, alguns moradores estão confiantes de que as obras que serão feitas no condomínio o deixarão mais seguro e contam os dias para voltar a seus apartamentos. Moradores de mais de 160 apartamentos tiveram que sair de suas residências por causa do desastre.

De acordo com a Cyrela, incorporadora responsável pelo empreendimento, a previsão é de que as obras de reconstrução da área de lazer do Grand Parc comecem ainda neste mês.

 Quem espera ansiosamente para voltar ao condomínio é o aposentado José Fernando Leite Marques, que era o síndico do Grand Parc no dia do desabamento, e foi um dos feridos no desastre - que deixou outros três feridos e ainda resultou na morte do porteiro Dejair das Neves, de 47 anos. Ele diz estar confiante no reforço estrutural prometido pela construtora do Grand Parc.

"A ordem do dono da empresa é de reconstruir melhor, para que motive a gente voltar e faça a gente dar continuidade à nossa vida. A gente vê nos projetos que estão sendo feitos, e que foram liberados pela prefeitura, que realmente a coisa vai ficar diferente. Vai ficar melhor, vai ficar mais bonito", afirmou em entrevista para a equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV.

Um ano após a tragédia, o aposentado, que fraturou o fêmur, conta que continua em tratamento. Segundo ele, foi preciso colocar parafusos em sua perna, em decorrência da pancada que ele sofreu no desabamento. "Eu tive fratura no fêmur, quebrei uma parte da testa, o dedo, o pé", contou.


Pela primeira vez após o acidente, José Fernando contou o que presenciou na madrugada do dia 19 de julho de 2016, logo após o desabamento.

"Deu aquela escuridão. Não sabia o que tinha acontecido e vi que eu estava com as pernas presas. Aí eu comecei a pedir para um funcionário me ajudar e ele tentou me tirar. Eu fui tentar ficar em pé e não sabia que eu tinha quebrado o fêmur e caí. No que eu caí, eu olhei para cima e vi minha mulher na janela me olhando e gritando meu nome. Eu falei ’quebrei a perna’ e comecei a gritar para os moradores ’evacuem o prédio’, poque eu achei que as torres também fossem cair", lembra.

Outro morador que espera voltar logo para seu apartamento é o empresário Roque Frisso. Ele conta que atualmente mora com a esposa e a filha, de 16 anos, em um condomínio na Enseada do Suá, a cerca de 300 metros do Grand Parc, e tem o aluguel pago pela Cyrela.

"Se fosse possível, eu voltaria hoje para lá. Participei de todas as reuniões com os moradores e a construtora e tenho certeza de que teremos mais segurança. Eles não nos colocariam de volta em uma arapuca", afirmou.

Sobre a assistência que os moradores estão recebendo da incorporadora, o empresário afirma que ela está sendo feita da melhor forma. "Ninguém pode reclamar nem de uma agulha da assistência que estamos recebendo. Desde o primeiro dia, logo cedo, eles deram toda assistência que precisamos", contou.

O que as empresas responsáveis têm a dizer

Por meio de nota, a Cyrela informou que foram firmados acordos individuais com os condôminos do Grand Parc, com o objetivo de realizar o pagamento de valores a título indenizatório, bem como reconstruir a área externa de lazer danificada e reforçar as estruturas para entregar o condomínio em plenas condições de habitabilidade.

A companhia também reforça que o condomínio foi construído pela Incortel Incorporações e Construções Ltda. e que a Cyrela não foi a construtora responsável pela execução do empreendimento, como também não coordenou a direção dos serviços que causaram os danos e vícios ao empreendimento.
A Cyrela afirmou ainda que assume o acordo com os condôminos com o objetivo de preservar os compromissos assumidos com os clientes do empreendimento e minimizar quaisquer impactos a tais pessoas e suas famílias, além de continuar contribuindo para a apuração das causas do acidente.

Por fim, a empresa informa que, após a apuração das investigações e divulgação dos laudos oficiais, irá tomar as medidas cabíveis e judiciais no sentido de responsabilizar os autores causadores do acidente, a fim de ser ressarcida dos dispêndios efetuados.

Já a Incortel informou que não foram poupados esforços para colaborar com a elucidação dos fatos. Segundo a construtora, foram contratados quatro escritórios de perícia técnica e laboratorial renomados nacional e internacionalmente, que apresentaram provas inequívocas de que o subdimensionamento do Cálculo Estrutural foi a causa direta e exclusiva do desabamento da laje do Condomínio Grand Parc.

Segundo a empresa, as perícias comprovaram que a despeito de qualquer fator, conforme foi calculada, ou seja, no exato rigor do seu projeto de cálculo estrutural, em determinado tempo, a laje entraria em colapso e desabaria, como de fato ocorreu. Ainda de acordo com a construtora, a qualidade dos materiais e do concreto utilizados na construção executada pela Serv Obras prolongou um pouco mais a vida útil da estrutura.

A Incortel afirmou ainda que possui compromisso com a verdade e que continuará firme no propósito de obter provas irrefutáveis para que ela prevaleça. A empresa diz que acredita que, ao expor a verdadeira causa do desabamento, está contribuindo para que fatos semelhantes não ocorram no futuro.

Sobre as investigações do desabamento, a Polícia Civil informou, por meio de nota, que o caso segue sob acompanhamento da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória e detalhes só serão passados quando o inquérito for concluído, o que ainda não tem previsão.