Cuidados contra o fogo

Erros que provocaram tragédia do Edifício Joelma ainda podem se repetir

No ano de 1974 ocorreu um incêndio no Edifício Joelma em São Paulo e até hoje o caso é caracterizado como uma das maiores tragédias na história mundial, que resultou na morte de 188 pessoas e mais de 300 feridos. O Edifício possuía 21 andares e foi completamente consumido pelo fogo, que iniciou-se por curto circuito em um aparelho de ar condicionado no 12˚ andar e se propagou em uma velocidade impressionante, que em 25 minutos já consumia o 20˚ andar.

Para entender as causas dessa ocorrência e fazer um paralelo com os edifícios de elevadas alturas atuais, que em Campo Grande chegam a mais de 30 andares, consultamos o Engenheiro Mario Borges, especialista na área de engenharia de incêndio que fez as seguintes considerações:

Uma das maiores preocupações nos projetos de segurança contra incêndio de edifícios é calcular e garantir que as pessoas tenham saídas de emergências seguras e suficientes e, no caso especifico do Edifício Joelma, a escada não possuía porta corta fogo, o que acabou se tornando um duto de propagação do fogo e de fumaça impedindo que as pessoas pudessem sair do edifício. A escada localizada no centro do edifício, sem ventilação externa, também foi um fator contribuinte.


Outros fatores que contribuíram foram as distâncias inadequadas entre as janelas na fachada, uso de materiais de construção inadequados como forros contínuos e em material combustível e a alta carga de incêndio pelo excesso de móveis e divisórias em madeira, cortinas em tecido, tapetes sintéticos, etc.

Uma curiosidade é que a perícia realizada posteriormente detectou que os extintores do pavimento de inicio do incêndio não haviam sido utilizados. Também se constatou que os hidrantes não foram utilizados porque o registro da rede estava fechado, demonstrando a importância de uma brigada de incêndio treinada.

Após essa ocorrência a legislação foi modernizada e os edifícios atuais possuem escadas projetadas para resistirem a 2 horas de fogo, o que permite a saída segura dos usuários e o acesso dos bombeiros para o combate ao incêndio e resgate.