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Entenda porque a China segue caminhando para um cenário de calmaria, enquanto o mundo aumenta seu estado de alerta Tamires Lietti, de Xangai

No Brasil, mais de 50 casos do novo coronavirus já foram confirmados. Nos Estados Unidos, a conta já bateu 1300, com um salto de cerca de 500 novos registros em menos de 48 horas e a Itália já contabiliza quase 13.000 infectados.

Enquanto o Brasil e outros países do mundo anunciam a suspensão temporária de atividades acadêmicas, eventos esportivos, festivais de entretenimento e funcionamento de serviços, a China caminha para um cenário de retomada geral do dia a dia urbano.

No contra fluxo do resto do mundo o país, que luta contra o Covid-19 desde o início do ano, apresenta melhoras drásticas registradas em tempo recorde. A melhoria se deve as medidas severas que foram tomadas pelo governo chinês para que a contenção acontecesse de forma rápida e eficaz. Entenda-as melhor:

Isolamento imediato do epicentro da doença

Com o surgimento do novo coronavírus, a cidade de Wuhan, em Hubei, foi isolada antes que os casos da doença atingissem o pico, ocorrido na segunda quinzena de Fevereiro. A metrópole de 11 milhões de habitantes foi completamente fechada pelas autoridades chinesas e atualmente completa cerca de 60 dias em quarentena.

As autoridades da província de Hubei decretaram, na última terça-feira (10), o fluxo de carros entre as diferentes cidades provincianas está autorizado. O deslocamento ainda é controlado, mas já é possível.

Suspensão dos serviços de transportes pessoais dentro de condomínios e universidades

Para os poucos habitantes que ainda precisaram se locomover diariamente durante o período mais crítico da pandemia, os serviços de taxi e Didi (serviço de “carpool” chinês, como o Uber), as opções se tornaram mais restritas.

Dentro de universidades e condomínios o acesso foi proibido e os carros só podiam circular em vias públicas. O número de motoristas disponíveis diminuiu e aqueles que optaram por continuar trabalhando, reforçaram os itens de higiene pessoal disponíveis para os passageiros.

Proibição da entrada de não condôminos em conjuntos habitacionais

Nem visitar o amigo, nem passar uns dias com o namorado. Os seguranças e porteiros responsáveis pelo controle de acesso em condomínios e vilas habitacionais foram orientados a não autorizar nenhuma pessoa de fora a adentrar as imediações.

Aos condôminos já registrados, assinaturas e checagem de temperatura são necessárias a cada deslocamento.

Suspensão e/ou redução dos serviços de entrega

Assim como os taxistas, entregadores de comida e encomendas também tiveram suas entradas negadas em condomínios. A orientação é que os condôminos busquem seus pedidos na rua e sempre confiram a temperatura ao retornar. Nada de pizza na porta de casa, agora é preciso calçar o chinelo e ir buscar.

Regras claras de quarentena geral e pessoal

A China estipulou, desde o início do surto do Covid19, regras rigorosas para o cumprimento da quarentena. Aqueles considerados em zona de alto risco ou imigrantes e cidadãos advindos de locais com um possível contato são diariamente monitorados, pois cadastram seus dados antes de entrar no país. Para os casos mais graves, o redirecionamento é para um hotel estipulado pelas autoridades, onde um isolamento completo de 14 dias é requerido.

Aos que não apresentam risco, é recomendada a quarentena pessoal, também de duas semanas. Em alguns casos, os próprios seguranças dos condomínios e prédios controlam o cumprimento desse período.

 

Controle rigorosos de voos internacionais nos portos de entrada do país

O monitoramento daqueles que estiveram fora do país só foi possível graças a extrema organização nos principais aeroportos da China. Agentes checam temperaturas dentro dos voos que chegam e acabam atrasando o desembarque das aeronaves. Todos os passageiros, nacionais ou não, precisam preencher dados e atestados de saúde e entrega-los na imigração. Os passaportes são triados por cor, com adesivos que indicam a proveniência do passageiro de acordo com o nível de riscos de contágio.

Checagem de temperatura em todos os estabelecimentos públicos

Aos poucos serviços que se mantiveram ativos durante os últimos dois meses, um termômetro foi colocado e disponibilizado na entrada. Em alguns, a checagem é obrigatória. Em outros, é apenas de bom tom.

Suspensão imediata das atividades acadêmicas

Antes mesmo dos casos de coronavírus atingirem patamares alarmantes, escolas, cursos e universidades suspenderam as aulas. Houve muito questionamento a respeito do quanto isso afetaria o ano letivo de crianças e universitários a longo prazo mas, cerca de 20 dias após oficial suspensão anunciada pelo Ministério da Educação, a grande maioria das instituições retomou o andamento das atividades via plataformas de ensino online.

Desenvolvimento de novos sistemas de controle via WeChat

Dentro da rede social mais usada na China, o WeChat, foi criada uma opção que facilita o controle e monitoramento dos casos da doença. Além de um mapa guiado por vizinhança e/ou arredores que indicam locais onde foram registrados casos, a plataforma também disponibilizou o “código antivírus” que possibilita aos usuários cadastrar informações e atestados de saúde, gerando um código aqueles que estão livres do vírus para que sejam facilmente identificados.

Uso de máscaras

Parece básico, mas não é. Os chineses levaram, desde o início, o uso de máscaras de proteção muito a sério. Não se vê uma pessoa na rua que não esteja usando máscara. Os estoques se esgotaram rapidamente e a China aceitou doação de outros países para suprir a necessidade do mercado.

Algumas universidades entraram em contato com alunos no exterior para negociar uma possível logística de importação do item que se tornou parte da vestimenta de cada habitante.