Poder político, pilar da gestão condominial
Conduzir a coletividade aos fins desejados e desviá-la dos fins indesejados, é esta a finalidade do poder político. A função de síndico como entidade representativa dessa coletividade sugere a prerrogativa de promotora do bem comum, às vezes valendo-se da autoridade que naturalmente a posição lhe confere, às vezes valendo-se de qualificações técnicas que lhe conferem essa autoridade, sendo a autoridade do síndico um importante ícone de liderança para este processo.
Essa liderança emerge de uma decisão de assembleia, conforme está previsto no Art. 1.347 c.c., onde fala que: “A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se". E a escolha desse líder pode ser feita pela vontade da maioria, ou pela escolha de um grupo menor, porém mais engajado e menos representativo. Ou ainda, de um único indivíduo detentor da maioria dos votos.
A função de síndico exige responsabilidades que derivam da observação de conformidades, onde os fins desejados pela coletividade, ou de quem lhe colocou no cargo, devem estar em harmonia com essas conformidades. Por isso o síndico não deve se deixar sucumbir a pressões, mandos e desmandos de uma pouca representatividade que o colocou nessa posição. Figura a sombra dos detentores dessas vontades, já que toda responsabilidade da inobservância das conformidades e prejuízos à coletividade recaem sobre ele.
As metas e os fins desejados modificam-se de acordo com o grupo organizado que os deseja, bem como o tempo e as circunstâncias. A coletividade em determinado tempo pode desejar uma portaria presencial, por exemplo, porém devido a circunstâncias econômicas essa preferência pode migrar para o desejo de uma portaria remota. Ter a exata leitura do grupo, circunstâncias e anseios em cada tempo, formatam uma boa atuação política no exercício da função de síndico.
A análise Swot, que é uma ferramenta de gestão de planejamento estratégico, pode ser utilizada para mapear esse perfil. Essa ferramenta consiste em identificar as forças e fraquezas, oportunidades e ameaças do ambiente, por meio de uma matriz onde as forças e fraquezas correspondem aos condôminos mais próximos, ou seja, os apoiadores. E as oportunidades e ameaças correspondem aos condôminos mais afastados, externos, ou seja, os opositores. É preciso posicioná-los nessa matriz conforme as suas preferências de determinada situação, e ver se a preferência beneficia a gestão como força ou oportunidade, ou prejudica a gestão como fraqueza ou ameaça. De resto é só neutralizar as fraquezas e ameaças e potencializar as forças e oportunidades, para conduzir a coletividade aos fins desejados.
Rogério de Freitas, graduado em Administração de Empresas, Pós-Graduado em Marketing e Gestão Empresarial, Síndico Profissional.