O condomínio Carlos Marighella, em Itaipuaçu, está alagado desde segunda


O condomínio do Minha Casa, Minha Vida Carlos Marighella, em Itaipuaçu, Maricá, que alagou depois do temporal de segunda, continua debaixo d’agua. Muitos moradores do primeiro andar não quiseram deixar suas casas com medo de saques. Há relatos que, durante a madrugada, criminosos tenham roubado até botijão de gás e muitos tiros foram disparados. Um morador, que preferiu não se identificar, disse ter escutado mais de 50 tiros.

— Foi um pesadelo. Na noite anterior também tinha escutado tiro. Como a altura da água diminuiu um pouco, muita gente tem tentado roubar coisas de quem perdeu quase tudo — lamenta.

O jardineiro Francisco Rodrigues Pereira, de 58 anos, está alojado no segundo andar da casa de um parente no mesmo condomínio. Ele se recusa a deixar o local e diz não ter para onde ir:

— Em setembro, quando o condomínio foi inaugurado pelo prefeito Quaquá e a presidente Dilma Rousseff, prometeram que este lugar iria melhorar a nossa qualidade de vida. Sete meses depois, essa é a nossa realidade. Estamos desesperados.

Morador do primeiro andar, ele retorna a sua casa, várias vezes ao dia, ainda sem acreditar no que aconteceu.
O motorista Luis Claudio Braga, de 43, e a dona de casa Fabiana Custódio, de 37, também não quiseram deixar o condomínio.

— Nossos dois filhos e o cachorro estão na casa da minha mãe em São Gonçalo. Nós tivemos que ficar aqui para tentar proteger as poucas coisas que restaram. Durante a chuva, quando começou a encher, fiquei preocupada; mas não imaginava que, ao final do temporal, a minha cama, o sofá e o guarda roupa, estivessem boiando.

Equipes de voluntários de igrejas próximas ao local têm levado roupas e mantimentos para os moradores. A energia do condomínio foi cortada ainda na segunda-feira e quem mora no segundo andar perdeu tudo que estava na geladeira.

O condomínio tem 1.470 apartamentos, mas nem todos estavam ocupados. Equipes do Corpo de Bombeiro e da Marinha vasculham o local para tentar ajudar e fazer resgates. Mais de 200 carros foram afetados.

O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, divulgou uma nota, na quarta-feira, anunciando novas medidas para evitar que chuvas fortes voltem a alagar a região onde está situado o condomínio: “Vamos dragar os canais próximos ao condomínio com ou sem autorização do Inea”. Ainda de acordo com a prefeitura, “o terreno nos fundos do condomínio já foi desapropriado pelo município e estudos serão feitos para a construção de dois piscinões que receberão e concentrarão a água que vem do condomínio. Outra medida adotada será a compra do kit com geladeira, fogão, colchões para reequipar as casas, kits esses que serão doados pelo governo municipal.”