Moradores decidiram vetar a presença de ambos nas áreas de lazer, mas não a entrada deles no residencial

O casal flagrado por câmeras de segurança agredindo uma criança de apenas 6 anos não pode usar as áreas de lazer do condomínio da AOS 4, na Octogonal. A decisão foi tomada em assembleia pelos moradores do complexo de prédios onde ocorreu o episódio, no dia 9 de dezembro.

Mas Alexandre Campos de Jesus e Danielle Cavalcanti dos Santos, acusados pela agressão, não estão proibidos de frequentar a casa dos pais dela, que residem no local. “A entrada deles só poderá ser impedida por meio de decisão judicial”, disse o síndico do condomínio, Mauro Camargo.

Os moradores ainda não buscaram o Judiciário. “Fomos aconselhados por nossos advogados a esperar a decisão referente ao processo dos familiares da vítima e, a parti daí, tomaremos as medidas cabíveis ao caso”, destacou o síndico ao Metrópoles, nesta sexta-feira (28/12).

O garoto agredido mora em Vitória da Conquista, na Bahia. A mãe, a servidora pública Jucimara Nascimento, 38, trata o ocorrido como inadmissível e afirmou que irá até o final na Justiça. Menos de um mês após o episódio, ela garante que toda a família passa por tratamento psicológico.

A mãe contou que estão buscando priorizar a convivência em família e realizando vários passeios juntos. A própria Jucimara passou a fazer uso de medicações, pois estava com dificuldade em dormir à noite.

As agressões ao filho dela foram registradas pelo circuito de câmeras de segurança do condomínio. As imagens mostram o momento em que o garoto, filho do casal agressor, tropeça sozinho enquanto joga bola na quadra de esportes e bate a boca no chão. Momentos depois, o pai aparece.

O homem segura os braços do garoto para o filho dar um soco no rosto dele. Em seguida, a mãe empurra a vítima no chão e os três vão embora. O casal responde a inquérito na Delegacia Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DPCA), que ainda não foi concluído.

Eles devem ser indiciados por lesão corporal, com pena prevista de 3 meses a 1 ano de prisão. “Há ainda a possibilidade de eles responderem pelo crime de ameaça e por terem submetido o próprio filho a um constrangimento, crime este previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente”, destacou a PCDF, na ocasião.

“Extremamente arrependidos”
Em nota logo após o episódio, o advogado do casal acusado de agredir a criança disse que Alexandre Campos de Jesus e Danielle Cavalcanti dos Santos estão “extremamente arrependidos pela fatalidade”.

Rafael Pitzer reforçou que “não se tratam de pessoas violentas, com passagens pela polícia ou vida dedicada à prática criminosa, mas pessoas comuns, pais de família, trabalhadores, cidadãos respeitados, que sempre buscaram dar uma boa educação para seus filhos, pautada no diálogo e respeito para com o próximo”.

Ainda de acordo com a nota, ao se depararem com o filho de 6 anos com o “rosto deformado”, boca e lábios sangrando muito, Alexandre e Danielle foram informados por testemunhas de que a outra criança teria batido no menino. Segundo o defensor, o garoto não conseguia falar devido aos ferimentos. Por isso, o casal “foi tomado por violenta emoção, que desencadeou na fatalidade”.

Ao Metrópoles, o menino disse que, após a agressão, “só queria ir embora”. Ele estava em Brasília na casa da tia, na Octogonal, e desceu para brincar na quadra quando foi alvo de insultos, socos e empurrão.