Mudança de comportamento ainda gera dificuldades na gestão do síndico
Terceiro maior PIB de Santa Catarina, o município de Itajaí vem apontando um crescimento considerável nos últimos dez anos. E um dos reflexos desse crescimento é a verticalização da cidade.
Uma tendência, é verdade, que vem atraindo muitas famílias que, por vários motivos, estão vendendo suas casas e indo morar em edifícios.
Mas um fato curioso dessa migração e que vem chamando a atenção, principalmente dos síndicos, é a falta de conhecimento dos moradores da rotina em condomínios.
“É um desconhecimento geral no que concerne à vida condominial”, relata o síndico Mazola Tenca, listando alguns itens: falta de entendimento do que é área privativa e comum; falta de consciência de que você pode ter vizinhos em cima, embaixo e ao lado; necessidade de se respeitar a Convenção e Regimento Interno; a forma de contribuir para as despesas de acordo com a fração ideal; como é feita a cobrança de água, gás e energia elétrica, além da função do síndico e da administradora.
Síndico Mazola Tenca explica que muitos moradores desconhecem a rotina de morar em condomínios
Desde 1994 morando em Itajaí, Mazola, que divide com um sócio a administração de seis condomínios, assinala três fatores para essa mudança: a verticalização, em função do crescimento e atração de investimentos para a cidade; as enchentes de 2008 e 2011 e as famílias que moravam em casas de terrenos grandes - que já não têm necessidade dessas dimensões como moradia - permutando para a construção de condomínios em troca de apartamentos, como investimento ou moradia própria.
“Um terreno onde uma ou duas famílias viviam, agora, com a verticalização pode receber acima de 50 famílias”, argumenta o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Juliano Darós Amboni.
A professora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Univali, Edilene Naciara Pereira, também presencia essa mudança de comportamento e, segundo ela, 10% dos moradores retornam a residir em casas.
“As pessoas apresentam dificuldades em conviver em condomínios devido às regras, à falta de liberdade e acreditam que perderam o direito de ir e vir”, define Edilene.
Para a professora, que está há 26 anos dando aulas na universidade, o crescimento da cidade – em decorrência dos empregos diretos do Porto de Navegantes e indiretos– também trouxe muita gente de fora que procura apartamentos para morar.
Na avaliação do arquiteto Juliano Darós Amboni, a verticalização já é uma realidade em todas as grandes cidades catarinenses.
E cita algumas causas significativas como a manutenção: uma casa isolada exige total atenção do proprietário, que fica responsável pelo corte da grama, pintura, limpeza, tomando muito do tempo e da disponibilidade do morador.
A segurança é outro fator, pois se é uma família que viaja muito, por exemplo, tem no edifício uma maneira mais cômoda e segura de morar.
A localização e os custos também pesam na escolha já que é mais fácil e mais barato encontrar apartamentos em locais que já possuem infraestrutura consolidada e em um edifício existem custos que são rateados, como o terreno, por exemplo.
Dicas
Em condomínios onde há um grande número de pessoas que moram pela primeira vez em apartamentos, a orientação é a de que o síndico invista na promoção da educação informativa:
- Realize reuniões para tratar dos assuntos envolvendo as regras de convivência estabelecidas pela convenção e pelo regulamento interno;
- Elabore circulares informativas sobre pontos específicos da convenção e do regulamento interno com linguagem simples e de fácil entendimento;
- Utilize aplicativos mobile para comunicar aos condôminos sobre as regras existentes;
- Realize pesquisas e identifique as maiores dúvidas dos condôminos quanto às normas do condomínio;
- Elabore um rol denominado “perguntas comuns”, respondendo sucintamente as perguntas mais frequentes dos condôminos e o disponibilize em meio eletrônico e físico;
- Monte uma cartilha expondo os direitos e deveres dos condôminos constantes na convenção.