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Segurança em dobro contra incêndios

Com alta densidade demográfica, Balneário Camboriú tem a responsabilidade ampliada no cuidado com os sistemas de prevenção de incêndio

 

Com uma área geográfica de apenas 46,8 quilômetros quadrados, Balneário Camboriú é uma das cidades mais verticalizadas do Brasil e tem alguns edifícios na lista dos mais altos do país.

A cidade, além de ter a densidade demográfica mais alta do Estado, com 2.337 habitantes por km², recebe turistas o ano todo que lotam as praias e os edifícios.

Mas apesar dos atrativos, números tão altos também aumentam a responsabilidade e a necessidade de atenção com relação à segurança contra incêndios, principalmente para síndicos e gestores do setor condominial.

Chefe da Seção de Atividades Técnicas, do Corpo de Bombeiros, o tenente Thiago Eloi Santos Sarraff ressalta que, além do aspecto legal, se deve pensar que adequar as edificações às normas de segurança contra incêndios é trazer mais segurança para todos os condôminos da edificação. “É comum ver condomínios investirem em segurança patrimonial, mas a segurança contra incêndio deve ser pensada de igual forma, já que evita grandes tragédias, como a ocorrida recentemente na cidade de Londres”, lembra o tenente.

De acordo com o tenente, as edificações verticalizadas possuem paredes que resistem ao fogo por no mínimo duas horas, além de outros requisitos. Além disso, quanto maior é a altura ou a área de um edifício, maiores serão as exigências em relação aos sistemas preventivos. “A partir de quatro pavimentos já é necessário instalar sistema hidráulico preventivo e a partir de 20 metros de altura é exigido o sistema de alarme, de proteção contra descargas atmosféricas e o dispositivo para ancoragem de cabos.

Quando a edificação possuir 60 metros ou mais já será exigida a existência de elevador de emergência. Já o sistema de chuveiros automáticos (sprinklers) é exigido para edificações residenciais privativas a partir dos 150 metros”, relaciona o especialista.

Dificuldades

Com experiência de 44 anos na área de prevenção e combate a incêndios, o bombeiro civil e comunitário, Luiz Carlos Gomes, observa na experiência diária de vistorias e serviços técnicos que a maioria dos gestores não tem dado a devida atenção ao risco que correm pela falta de manutenção, pois as grandes estruturas dos edifícios exigem um zelo muito maior.

Para Luiz Carlos, a maior dificuldade que os síndicos apresentam para cumprir o que é exigido pelo Corpo de Bombeiros é de ordem financeira, pois grande parte esbarra na falta de orçamento para manutenção ou execução dos sistemas preventivos. “O idealé que o assunto seja debatido em assembleias, e que a manutenção seja realizada sempre preventivamente”, destaca.

Segundo o tenente Thiago, para a corporação também existe dificuldade em atender ademanda. “Ainda temos pouca sensibilização por parte dos responsáveis pelos imóveis. A maior parte dos edifícios realiza a manutenção apenas quando o bombeiro vai até o local e constata a irregularidade”, relata.

Segundo o tenente, a vistoria de funcionamento deve ser solicitada ao Corpo de Bombeiros Militar anualmente, a partir da data de emissão do primeiro atestado. Para solicitar a renovação, basta acessar o site do Corpo de Bombeiros.

Para adequar a edificação, o primeiro passo é saber em qual etapa ela se encontra, pois existem casos de edificações que possuem o atestado de habite-se emitido há muitos anos. “Desde que não tenham sido realizadas significativas alterações de layout, ampliação ou mudança de ocupação, basta a renovação do atestado de funcionamento anual. Para os que não possuem atestado de habite-se, a orientação é procurar o quartel de bombeiros mais próximo e verificar a situação atual da edificação”, explica.
Vistoria em dia

Diretor de uma administradora de condomínios, Franklin Alietar Becker tem todos os seus condomínios adequados às normas e costuma orientar os zeladores para que mantenham vigilância constante dos equipamentos de segurança e também faz a supervisão do trabalho pessoalmente, pois como gestor a responsabilidade recai sobre ele.

“Para facilitar, elaborei uma tabela com as obrigações e orientações legais que me auxilia muito no instante de provisionar as despesas ou quando necessito apresentar esclarecimentos aos condôminos. Nunca sabemos quando será necessário o uso do equipamento de combate a incêndios e tampouco sabemos se a ajuda chegará a tempo, por isso é importante estar precavido”, argumenta.