De olho na qualidade da água

Síndicos devem promover a análise semestral da água para consumo

Em maio, o rompimento de três adutoras da Casan comprometeu o abastecimento de água em várias regiões da Grande Florianópolis e muitos síndicos tiveram de recorrer ao serviço de caminhões-pipa para atender, de forma emergencial, a falta de água nos condomínios.

Além do custo extra com o serviço, havia a preocupação com a qualidade, já que alguns fornecedores não apresentavam o laudo de potabilidade da água. Um problema para os síndicos, já que a legislação exige que os condomínios mantenham a água dentro do padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde.

Um bom exemplo é o do síndico Leomar José Bortoluzzi Kosmann, que administra o Condomínio San Fernando, no bairro Estreito, em Florianópolis. Para suprir a falta de água nas 124 unidades, distribuídas em três blocos, ele contratou um caminhão-pipa e, embora o atendimento tenha sido precário – já que levou quase 24 horas entre a solicitação até a entrega -, o custo total do serviço chegou a R$ 1.500.

“Passado o transtorno da falta de abastecimento de água da Casan, fomos obrigados a chamar uma empresa para promover a limpeza das três caixas d’água e três cisternas, já que a água era de origem duvidosa. Foram gastos mais R$ 2 mil”, afirma Leomar, que pretende protocolar junto à Casan pedido de indenização pelo gasto extra com o caminhão-pipa.

Após a limpeza, Leomar providenciou a análise da água para saber se ela estava própria para o consumo, uma exigência determinada por lei federal. “O tratamento e controle da qualidade da água distribuída no condomínio é um serviço essencial para a saúde de todos os moradores. Os testes devem ser feitos de seis em seis meses por laboratório”, afirma a química Ana Paula Bohm.

Ela lembra que, ao contrário do que muitos acreditam, a potabilidade da água fornecida pela Casan é comprovada até a entrada ou cavalete, como é chamado. “A partir daí, a responsabilidade é do condomínio”, explica. Segundo ela, em Florianópolis, a Vigilância Sanitária é bastante atuante e sempre exige um laudo técnico comprovando a qualidade da água.
Piscinas

Os condomínios que possuem piscinas também são obrigados a fazer testes em laboratórios – mensalmente - de acordo com legislação estadual.

“Muitos condomínios fazem o tratamento da água com cloro e outros produtos químicos, mas esquecem de promover a análise especializada. Geralmente, olham para a água e, como ela está limpa, ignoram os perigos que pode provocar, já que os microrganismos responsáveis em causar doenças não podem ser vistos a olho nu”, adverte a química, citando algumas doenças que podem ser transmitidas pela água de piscina: hepatite, salmonela, micose, conjuntivite, infecções de pele e verminoses.

“Esses dias uma mãe quis processar um condomínio porque a filha havia pegado uma micose”, acrescenta Ana Paula.

A principal maneira de evitar a transmissão de doenças é o tratamento adequado da água. Por isso, é preciso manter uma higiene que corresponda à limpeza e remoção de materiais orgânicos. Mas, a garantia só é obtida através de uma análise feita em laboratório. E mesmo no inverno, a análise deve ser feita mensalmente, como determina a lei. “Se o síndico tampar a piscina, não é necessário. Mas se ele deixar aberta, tem de fazer o controle”, avisa Ana Paula.

SAIBA MAIS

• Legislação que trata da análise da água das piscinas: Resolução DVS n. 0003, de 15/02/2001.

• Análises de caixas d’água e cisternas: o condomínio que realiza essas análises está de acordo com a Portaria MS n. 2.914 de 12/12/2011 (Federal), controlando a potabilidade da água. A análise tem de ser feita semestralmente.

• O Laboratório tem de fornecer um relatório técnico mostrando se a água distribuída nas unidades ou na piscina está própria para consumo e uso. O laudo deve ser assinado por um químico responsável.

• A limpeza do reservatório deve ser feita por uma empresa especializada, o zelador não pode realizar a limpeza.

• Para saber se a empresa está regular, deve-se exigir o alvará sanitário e o credenciamento da Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

• Além dos testes, outros cuidados devem ser feitos para manter a qualidade da água: a limpeza da caixa d’água e cisterna deve ser realizada semestralmente. Para as piscinas realizar diariamente a manutenção com adição de produtos químicos.