O veículo que faz o trajeto até o metrô não pode receber funcionários e empregadas domésticas

Pouco após a chegada da Linha 4 à Barra, o Península criou uma linha de ônibus expressa até a estação Jardim Oceânico. O fato seria banal não fosse um detalhe: seus veículos só podem ser usados por moradores. Funcionários estão barrados. Alguns condôminos consideram a prática discriminatória, mas a associação local alega que há outra linha para o metrô.

O Península tem cerca de 18 mil moradores, e por dia 25 mil pessoas transitam pelo condomínio. Há quatro linhas de ônibus saindo do local, com destino ao shopping Via Parque, ao Terminal Alvorada, ao Quebra-Mar e ao metrô.

Apenas a última é exclusiva para residentes. O morador Paulo Gianinni conta que, há quatro anos, a possibilidade de se restringir o uso dos ônibus já tinha sido debatida em assembleia, sob o argumento de que o estatuto do residencial dizia que estes só podem ser usados por associados.


— Na época, recebemos um parecer jurídico segundo o qual a restrição seria discriminação e, portanto, era proibida — relembra ele, que lutou para que todos pudessem usar a nova linha. — Outro dia vi uma senhora, que é empregada doméstica, sendo impedida de entrar no ônibus que vai para o metrô. Essas linhas são muito mais úteis para funcionários, porque moradores preferem usar seus carros.

Diretor da Associação dos Amigos da Península, David Nunes defende a regra atual e argumenta que a linha com destino ao Quebra-Mar também passa pelo metrô e pode ser usada por todos.

— A diferença é o ônibus para o Quebra-Mar ser parador. Tomamos essa decisão (de restringir a linha expressa) porque não sabíamos qual seria a demanda. Usamos o bom senso; essa linha só tem três ônibus, e não temos como custear mais veículos.