Estimular a presença dos condôminos ainda é o melhor remédio para quem defende uma gestão participativa
Vencer a resistência de enfrentar mais uma reunião, lidar com opiniões conflitantes e interesses que apontam para todos os lados é difícil tanto para os moradores quanto para os síndicos. O desafio é transformar toda essa diversidade de emoções em ações; que podem beneficiar o grupo por um tempo muito maior do que as poucas, mas longas horas de assembleia.
O primeiro passo é cumprir as exigências legais. “O código civil determina que todos devem ser convocados”, explica a especialista em condomínios Rosely Schwartz. A forma de convocação deve ser observada na própria convenção de condomínio, mas “normalmente é necessária uma antecedência de oito dias, com protocolo e, para os que não residem no condomínio, correspondência com aviso de recebimento (AR)”, completa.
Márcio Althoff é síndico e atua nos condomínios Residencial Ana Olívia e Centro Empresarial Orlando Odílio Koerich, com 26 e 170 unidades, respectivamente. Ele conta que a presença é de, em média, 25% dos condôminos, e tem relação direta com o assunto colocado em pauta.
“Temas que envolvem rateios costumam atrair um maior número de pessoas”.
Além do esforço em pautar assuntos atrativos, Márcio busca conscientizá-los sobre a importância de cada participante. “Eu procuro fazer com que os condôminos percebam que são eles que decidem e que o síndico está ali para representá-los”.
A tomada de decisões por um grupo pequeno é um dos prejuízos apontados pela síndica Neide Carvalho. No Residencial Linea ela conta com a presença de, em média, 35% dos condôminos nas assembleias. “Estamos tomando decisões sobre o patrimônio comum e mesmo com todo o esforço de convocação e conscientização não temos a adesão esperada”, desabafa.
Como estratégia para aumentar a participação, Neide investiu na delimitação do tempo. Ela conta que cada assunto tem hora para começar e terminar e isso é divulgado antecipadamente na convocação: “Assim evitamos devaneios e conseguimos ser mais sucintos e eficazes”.
Rosely defende que a criação de um canal diversificado de comunicação que ofereça um esclarecimento prévio dos assuntos minimiza as discussões e polêmicas durante as reuniões. Ela explica que ao conhecer minimamente os assuntos, os moradores participam de forma mais ordenada e menos ansiosa. Como sugestões, indica a implantação de um e-mail direto para atendimento, a produção de circulares sobre os acontecimentos cotidianos e a definição de um horário para atendimento presencial.
assembleia
Votar somente em assembleia
Expor adequadamente os assuntos e conduzir a votação de forma pacífica também exige esforço por parte do síndico. Rosely indica a utilização de slides e microfone e diz que o voto secreto pode ser uma opção para evitar conflitos de opiniões “desde que a decisão seja votada e aprovada em assembleia anterior”.
Todo o esforço de votação deve ser feito em assembleia. Sobre a prática de coletar assinaturas de porta em porta após a reunião, Rosely alerta para o fato de não ser uma opção legalmente aceita “uma vez que foi determinado que o quórum deve ser em assembleia”. “A alternativa para atingir os quóruns qualificados que estipula o código civil seria realizá-las em caráter permanente, fazendo várias reuniões até obter o percentual necessário”, sugere.