Prédios à beira-mar

Saiba como a arquitetura de Balneário Camboriú ajudou a cidade a virar vitrine para turistas

 

Balneário Camboriú se nota à distância. Seja você fotógrafo ou não. Quem viaja sentido norte, ao sair do túnel do Morro do Boi, dá logo de cara com os maiores arranha-céus do Brasil. Há construções de todos os tamanhos, cores, estilos e alturas possíveis. A cidade se ergueu de tal maneira que hoje concentra a maior densidade demográfica de Santa Catarina, com 2.337,62 habitantes por quilômetro quadrado, segundo o IBGE.

Balneário se impõe com esta ideia de arquitetura superlativa, vertical, pelo casamento da praia com infraestrutura urbana completa e pela boa vida noturna. Mas ao chegar na orla fica claro que este casamento, talvez, tenha tido mais paixão e impulso do que sintonia.

As sombras da parede de edifícios na faixa de areia deixaram as tardes na praia menos ensolaradas, e a vista para o mar da janela de casa divide espaço com blocos de concreto.

Foi na década de 1950 que se ergueram o Hotel Fisher, o Hotel Pio e o Edifício Eliane. Segundo a historiadora Mariana Schlikmann, a ordem de aparição seria essa, sendo o Edifício Eliane o primeiro residencial. No início da década de 1960, a cidade vivia o primeiro boom imobiliário quando atraiu a atenção de um dono de terras do Rio Grande do Sul que se tornou presidente da República, João Goulart.

O apelido de Praia Presidencial atraiu novos moradores e mais turistas.

Ainda nos anos 1960, a mudança no projeto original da BR-101, que passaria próximo a Brusque, facilitou o acesso e pôs Balneário Camboriú e seus prédios na vitrine dos viajantes. No final dos anos 1970 o edifício Imperatriz foi construído e colocou a cidade na disputa pelas maiores alturas do Brasil. O prédio tinha 30 pavimentos em uma área construída de 50 mil metros quadrados, distribuída em quatro blocos.

 Sonho das grandes construtoras

Com o passar do tempo, Balneário se destacou pela qualidade de vida proporcionada, descontração típica de férias durante todo o ano, noite agitada e convivência natural entre jovens e a terceira idade. Com isso, ampliou a rede hoteleira, fez o belíssimo Parque Unipraias e, claro, atraiu investimentos e consolidou grandes construtoras. Essas, além de comandar a economia da cidade, passaram a disputar o espaço, a vista para o mar e a definir o estilo das construções da cidade, ou a falta dele.

Ficamos é um modelo de construção próprio de uma determinada empresa. Fala-se algumas vezes em neoclássico, mas na verdade é neo-neoclássico, digamos assim. Uma reinvenção do estilo. Agora se começa a ver alguns mais contemporâneos com fachadas de vidro, embasamentos mais abertos, algumas construções estão tratando de colocar as garagens para a parte de trás e os apartamentos mais para frente – diz Anderson Beuting, 22, estudante de arquitetura da Univali que participou de um trabalho de pesquisa entitulado Evolução Histórica da Verticalização de Balneário Camboriú com o professor Jânio Vicente Rech.

A corrida pelas alturas foi se apoiando em mudanças feitas no plano diretor da cidade ao longo dos anos e em uma característica que interfere nas estruturas: o documento não permite construção de subsolo. Por isso, alguns prédios possuem até cinco andares de estacionamento antes do primeiro pavimento.

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