Novos condomínios terão de instalar um hidrômetro para cada unidade habitacional a partir de 2021, de acordo com lei federal

A lei sancionada pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), que obriga os novos condomínios a instalar hidrômetros individuais para cada casa ou apartamento, pode gerar uma economia de até 40% no consumo e também nas contas de água. A previsão otimista é do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável) e do Consórcio PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). A proposta, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), foi apresentada em 2011, mas passou a valer somente na semana passada.

Para o Consórcio PCJ, a medida demorou para ser implantada, já que a instituição vinha brigando pelo maior controle do consumo individual desde 2009, ano em que construiu uma casa sustentável, implantando a medida, aliada a uma nova tecnologia de medição através de um ponto de conexão sem fio. “Essa lei demorou. Já era para ter acontecido, uma vez que a gestão da água vai ficar muito melhor”, comentou a gerente-técnica do consórcio, Andrea Borges.

As construtoras têm cinco anos para se adaptarem a nova lei, que passa a valer a partir de 2021. “Não precisaria de tanto tempo. Os novos condomínios já vêm se adaptando há algum tempo a essa nova situação, por força de algumas leis municipais”, criticou a gerente.

Atualmente, grande parte dos edifícios possui apenas um hidrômetro e o consumo de água é rateado entre o número de apartamentos, independente da quantidade de pessoas que residem na unidade. “Você não premiava aqueles que economizam. As pessoas pensam: ‘para que eu vou economizar se estou pagando a conta do meu vizinho que esbanja’? Quando você tem maior controle da sua conta, incentiva os gastadores a começar a economizar”, comentou Andrea.

Outro ponto positivo da lei, levantado pela gestora do PCJ, foi a facilidade para identificar vazamentos a partir de agora. “Como eu ia achar vazamentos no meio de 60 apartamentos? Assim, temos maior dimensão de onde as contas aumentaram muito de um mês para o outro”.

O presidente do Sindicato dos Condomínios de Americana, José Luiz Bregaida, lembra que, apesar de a lei não obrigar condomínios antigos a aderirem a mudança, é possível propor modelo semelhante, através da cobrança escalonada das contas. “Pode-se levar em conta o fator socioeconômico e o número de famílias/unidades atendidas, como a solução eficaz para os condomínios existentes”, comentou.

Sobre mudanças na estrutura física, Bregaida disse que a decisão requer uma avaliação ponderada. “É preciso levar em consideração a estrutura do prédio, se o projeto apresenta condições de adaptação e os custos para a mudança, uma vez que o retorno do investimento pode demorar muitos anos”, comentou.