Bela Vista: o condomínio que mais parece barril de pólvora

Brigas e frequentes ’visitas’ da Brigada Militar preocupam os moradores do residencial, que tem 256 apartamentos populares

Não são apenas os já comprovados casos de abandono, venda e locação dos apartamentos populares que geram transtornos a moradores do Residencial Bela Vista, localizado no bairro de mesmo nome e que no próximo domingo, 19, completa quatro meses de sua inauguração. Cachorros soltos, brigas entre familiares, suspeitas de tráfico de drogas e até uma tentativa de linchamento foram registradas no condomínio, onde estão 256 unidades habitacionais. A convivência no Bela Vista, de acordo com o que foi apurado pela reportagem da Folha do Mate junto aos moradores, está muito distante de ser tranquila.

Logo após a inauguração do residencial, ocorrências de brigas e suspeitas de tráfico de drogas eram frequentes, segundo fontes do Setor de Inteligência da Brigada Militar. Apreensões de entorpecentes foram realizadas, inclusive. Até hoje, viaturas da BM passam pelo local, diariamente, para assegurar o sossego de quem, embora tenha realizado o sonho da casa própria, precisa conviver com situações desagradáveis. ’O nosso pessoal já atendeu chamados neste residencial, basicamente envolvendo as denúncias de tráfico e confusões’, confirma o comandante da Brigada de Venâncio, capitão Rafael Menezes, que chegou recentemente à cidade. ’Nos últimos tempos, as coisas estão mais calmas por lá’, acredita.

Há episódios, no entanto, que acabam não chegando ao conhecimento das autoridades. Com medo de eventuais represálias, muitos moradores preferem não comentar sobre problemas que acontecem todos os dias no Bela Vista. ’O que mais me chama a atenção são os recorrentes atos de vandalismo nos blocos de apartamentos. O residencial mal tinha sido inaugurado e já trataram de levar todas as lâmpadas dos espaços comuns. Até as luminárias de emergência sumiram’, relata um residente, que prefere não ter a identidade revelada. O morador, de 41 anos, confirma que por pouco não ocorreu o linchamento de um homem, recentemente, no local. ’Estavam dizendo que o cara batia na esposa’, comenta ele.

O mesmo homem era suspeito de ter abusado das filhas, segundo o morador. ’O clima ficou pesado e bastante tenso por lá, até que partiram para cima dele, mas graças a Deus não aconteceu o pior. O cara usava tornozeleira eletrônica, alguns ficavam com medo, outros queriam bater nele’, conta. O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil, segundo o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, responsável pela Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, mas a investigação não comprovou a suspeita de abuso. ’Nossa equipe chegou à conclusão que o cidadão acabou sendo agredido porque tinha uma dívida’, esclarece o policial, acrescentando que a comunidade deve ter muito cuidado ao sair espalhando informações de redes sociais. Relatos no Facebook teriam deflagrado desconfiança sobre o homem.

MACONHA
Flagrar jovens, principalmente, fumando maconha na área do Bela Vista não é raridade, conforme o morador que aceitou falar com a Folha. Essa é uma das situações que mais o incomoda, pois junto com ele reside um filho adolescente. ’Eu trabalho e o meu filho também, oriento ele a respeito dos perigos e sei que ele tem cabeça boa, mas é uma preocupação constante’, admite. A fonte assegura que a Brigada Militar por várias vezes já esteve no local ’para dispersar aquele bolinho da gurizada que a gente sabe que está fazendo coisa errada’. Os encontros promovidos na tentativa de orientar os moradores para uma boa convivência, avalia o morador, não foram suficientes, e uma alternativa mais viável para combater o descumprimento das exigências seria multar os infratores: ’Não vejo outra saída’.