Condomínios x segurança

Portaria deve ser cada vez mais aprimorada

 

Casos de assaltos à moradores ou visitantes ao chegarem a condomínios têm sido registrados com frequência. Uma prática que vem sendo comum é a de criminosos disfarçados de entregadores de comida, que rondam as proximidades de prédio à espera das vítimas.

A frenética movimentação nas portarias – seja em função de entregas de todo o tipo, que cresceram ainda mais na pandemia, seja pelas visitas, agora mais flexíveis com o desaceleramento da Covid-19, exige maior preparo do serviço para garantir a segurança em meio a tanto entra e sai.

Sistema de clausura

Um ponto que precisa de otimização em seu uso é o sistema de clausura, no qual há duas barreiras, geralmente constituído por dois portões. “A clausura é feita para o morador ou visitante esperar dentro dela, ela tem que ser aberta para a pessoa não ficar do lado de fora esperando a liberação para a entrada. A pessoa estando dentro da clausura, aí sim o porteiro inicia o procedimento para a liberação da entrada no condomínio”, explica Luciana Graiche, vice-presidente do Grupo Graiche, empresa que administra mais de 800 condomínios, com 110 mil unidades de apartamentos e 5.100 funcionários.

Assim que o visitante é autorizado a entrar ou um morador chega ao condomínio, tanto no caso da garagem quando na entrada de pedestres, os primeiros portões são abertos e fechados na sequência, enclausurando a pessoa ou o automóvel até que o segundo portão seja aberto. O mesmo procedimento acontece no momento da saída do condomínio.

Luciana lembra que muitas pessoas não sabem, mas uma das principais funções da clausura em condomínios é identificar cada indivíduo separadamente, seja morador ou visitante, diminuindo os riscos de assaltos e ações com reféns. Para que esse objetivo seja cumprido, ela ressalta a importância do treinamento do profissional, para que ele aja de maneira mais assertiva para garantir a segurança. “Se o uso da clausura fosse frequente, não aconteceriam tantos casos como os vários que são noticiados diariamente”, salienta.

Na questão das entregas, uma ação importante destacada por Luciana é que não se deve permitir que o entregador espere dentro da clausura. “Se a portaria tem passa-volumes, o entregador deve ficar do lado de fora. Se não possui, deverá entrar somente quando o morador já estiver na clausura e o portão interno do condomínio estiver fechado”, orienta.

Já na garagem, carros de visitantes devem entrar apenas com o motorista dentro do veículo e passageiros devem entrar pela portaria.

Portaria 4.0

A vice-presidente do Grupo Graiche avalia que, diante da realidade atual, com aumento de fluxo de visitantes e prestadores de serviços, além de maior volume de entregas de apps de delivery e compras on-line, o condomínio precisa atuar com procedimentos atualizados com as novas tendências de mobilidade, uso do espaço social e demandas do morador. “Chamamos essa nova forma de lidar com o acesso ao condomínio de Portaria 4.0, que envolve a reorganização da portaria, com treinamento humano, aliado à tecnologia”, explica.

A metodologia dessa nova portaria para o condomínio foca na integração – condomínio, portaria e morador; capacitação dos funcionários, com treinamento periódico e constante; tecnologia (sistema, app e site) e planejamento, que irá variar de acordo com a especificidade de cada condomínio.

“Com procedimentos bem estabelecidos e respeitados, cria-se uma cultura de atenção, de observação e de parametrização no condomínio”, pontua. “Mas, para ter efetividade, tanto a equipe operacional do condomínio quanto os moradores precisam conhecer e entender os procedimentos como parte do dia a dia e, aí, é fundamental a participação da administradora de condomínio, que ajudará a definir os procedimentos na portaria e cristalizar a cultura de respeito às normas com o mínimo de impacto aos costumes do condomínio”, completa.

Para inserir esses procedimentos, Luciana ressalta a importância de se buscar auxílio especializado e investir em treinamento e campanhas efetivas de conscientização. “Aliando isso tudo à tecnologia de uma portaria do futuro, condomínios de qualquer tamanho ou porte poderão contar com mais organização e, consequentemente, melhorar a segurança para seus moradores”, conclui.