Sem fornecimento e sem ter o que fazer, moradores estão inventando alternativas para manter um pouco de água em casa. A economia chegou a virar assunto nas reuniões de condomínio

No interior de São Paulo, a crise hídrica fez com que muitas pessoas pensassem em novas maneiras de economizar água. E são alternativas que vão continuar sendo usadas mesmo se a situação melhorar.

Nas casas de Itu, tambor para guardar água virou necessidade.

"A água chega num período muito curto. Ela dura, em média, duas, três horas. Então, para quem tem uma casa um pouco alta, que nem a minha, tem muita dificuldade, porque a água não sobe", explica o comerciante Elivandro Firmino Souza.

A falta de chuva afeta a vida de mais de dois milhões de moradores em todos o estado de São Paulo. Na capital, cinco dos sete reservatórios que abastecem a região metropolitana estão com menos da metade da capacidade.

O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de sete milhões de pessoas, está só com 28% — o menor índice em um ano. No interior, represas também estão secando. Dezenove cidades estão com rodízio no abastecimento de água.

Sem fornecimento e sem ter o que fazer, moradores estão inventando alternativas para manter um pouco de água em casa. Maria Cristina pegou até a bombinha do aquário para levar água para caixa, e usa o mínimo possível.

"Eu faço o essencial mesmo: louça, banheiro, a roupa e a comida", disse a dona de casa.

A Prefeitura de Itu está oferecendo uma consultoria de graça, que ensina as famílias como economizar água.

Caso a caso, vamos orientar nesses cursos qual seria a melhor solução para cada situação", explicou a secretária de Meio Ambiente de Itu, Verônica Sabatini.

Economia de água também virou assunto nas reuniões de um condomínio em Sorocaba. Os moradores se juntaram e gastaram R$ 20 mil em um sistema de reaproveitamento da água da chuva. E, no fim do mês, a conta vai ficar mais barata.

"Nós acreditamos que, com a desempenho que o sistema vai desenvolver, a gente tem a meta de buscar 20% de economia", diz o síndico César Barbosa.

Uma família também implantou um sistema de economia de água que vai ficar para sempre. Eles não desperdiçam nenhuma gota. A água da chuva que cai no telhado passa por uma tubulação até chegar numa caixa. A família não gastou muito dinheiro para fazer tudo isso. Foi com materiais que eles tinham em casa. Na última chuva, eles conseguiram guardar 500 litros de água.

"Eu procuro usar a água na sala, passar um pano na sala para tirar a poeira, na cozinha, no banheiro, nos quartos. O objetivo é que isso daí fique para sempre", afirma o porteiro Luiz Feitosa.