Renegociação evita recorde de pontos comerciais desocupados

Índice cresceu 15% e, segundo o Creci, seria bem maior se não fosse diálogo entre as partes

Não é preciso andar muito para encontrar placas de ’aluga-se’ em vários pontos de Bauru. Mas, o cenário poderia ser bem pior. A renegociação entre locadores e empresários na cidade é o que tem segurado uma explosão de desocupação de imóveis comerciais, em meio à pandemia. A constatação é do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci).

Delegado regional do órgão, Carlos Eduardo Muniz Candia aponta que, durante a crise econômica gerada pela Covid-19, o número de imóveis comerciais desocupados na cidade aumentou até 15%, percentual bem abaixo do que o esperado pelo setor no período.

"Temos conseguindo contornar essa situação com o diálogo entre proprietários e inquilinos. Muitas lojas pediram socorro e, de um modo geral, os proprietários se conscientizaram e abriram renegociação para tentar um equilíbrio e evitar a desocupação do imóvel. Com certeza, teríamos muito mais estabelecimentos fechados em Bauru se isso não viesse ocorrendo", ressalta Muniz.

Ele explica que não há uma regra no mercado e cada proprietário de imóvel tem encontrado uma fórmula junto ao inquilino para enfrentar a situação. "Alguns locadores deram desconto de 50% no aluguel e jogaram a diferença para ser paga ao longo do contrato. Outros deram desconto de fato no aluguel. Tem gente que até isentou o inquilino da cobrança por causa da dificuldade financeira", comenta o delegado regional do Creci Bauru.

A entidade acredita que este cenário, que teve início entre abril e maio, deve perdurar por mais alguns meses. "Apesar de o comércio ter voltado a abrir nas últimas semanas, a movimentação e faturamento estão bem aquém do normal", acrescenta Carlos Eduardo Muniz Candia.

’RESPIRO’

Renegociar o aluguel foi o que deu um "respiro" para que a empresária do ramo calçadista Karmen Gomes, 42 anos, pudesse continuar de "portas abertas" em meio ao abre e fecha da economia na pandemia. De seis pontos comerciais em uma galeria na quadra 29 da rua Rio Branco, o dela e uma escola de Kumon foram os que sobreviveram por lá. Os demais fecharam nos últimos dois meses.

"Eu cheguei a pensar em entregar o ponto, mas teria que reformar tudo antes e ficaria caro. Aí o proprietário reduziu o aluguel em 50% nos primeiros 3 meses e jogou a diferença para frente", cita a empresária, contando que investiu em delivery e vendas pela Internet. "Consegui novos clientes e acredito que dei a volta por cima", ressalta.

OPORTUNIDADE

Outro fenômeno observado no mercado de locações é do aumento das mudanças. Muitas lojas têm partido para imóveis mais baratos ou locais mais visados.

Na quadra 26 da avenida Duque de Caxias, dois pontos vagaram nos últimos 4 meses em uma galeria. Em um deles, uma faixa indica a mudança de endereço. "Uma das lojas fechou e a outra mudou para perto do Hospital de Base depois da pandemia", comenta a empresária Izabela Cirelli, 30 anos.

"Enquanto alguns fecham, outros abrem. Os pontos bons viraram oportunidade de negócio para setores não tão afetados e que querem ampliar o negócio. Então, uma boa negociação tem acontecido e a realocação tem sido mais rápida também", finaliza Muniz.