Edifício de sete andares desabou na terça-feira (15). Nove pessoas morreram e sete foram resgatadas com vida

A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) iniciou as investigações das causas do desabamento do Edifício Andrea. Os trabalhos iniciaram no sábado (18), após o Corpo de Bombeiros resgatar as últimas vítimas e encerrar o resgate, e serão concluídos em 10 dias. A corporação militar também colaborará com a investigação, disse nesta segunda-feira (21) o comandante-geral coronel Luís Eduardo Holanda.

O edifício residencial Andrea, localizado no Bairro Dionísio Torres, desabou em 15 de outubro, matando nove pessoas. A edificação tinha sete andares e estava com problemas nas colunas, segundo vídeo feito por moradores na noite anterior ao desabamento.

Eduardo Holanda, que coordenou a operação de buscas por pessoas sob os escombros, informou que o Corpo de Bombeiros vai ficar "na retaguarda", caso a perícia precise de informações de quem realizou os resgates das vítimas.

“A investigação passa a cargo da Perícia Forense, que assim que nós liberamos a área da situação de resgate, já começou os procedimentos de investigação", afirmou. E reforçou dizendo que o Corpo de Bombeiros ficará "numa retaguarda, caso os peritos precisem de algum tipo de informação que possamos fornecer", afirmou.

Nesta segunda-feira, equipes recolheram objetos pessoais retirados sob os escombros para devolver aos moradores.

Segundo Holanda, depois da tragédia com Edifício Andrea, o nível de atenção tanto do poder público, como de síndicos e de moradores ficou elevado e todos juntos devem redobrarem a atenção.

“Nosso nível de percepção de alerta de segurança deve ser elevado a partir dessa tragédia. Principalmente nas edificações verticalizadas", ressaltou. "Ele reforça que essa deve "ser uma preocupação de todos. Não só uma preocupação do poder público apenas, nem tampouco do síndico. Deve ser de toda a comunidade, que todos aqueles que habitam naquela edificação tenham a responsabilidade”.

Moradores hospitalizados

coTrês pessoas feridas no desabamento seguem hospitalizadas nesta segunda-feira:

Antônia Peixoto Coelho, 72 anos, está internada em um hospital particular em estado grave;

Cleide Maria da Cruz Carvalho, 60 anos, está no Instituto Doutor José Frota (IJF) com ferimentos no corpo e apresenta quadro de saúde estável;

Gilson Gomes, 53 anos, quebrou as duas pernas enquanto trabalhava próximo ao local do desabamento e também recebe atendimento no IJF. Ele segue com quadro de saúde estável.

O que se sabe até agora

  • Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
  • Nove pessoas morreram e sete foram resgatadas com vida
  • O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de três quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
  • A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
  • Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
  • Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados
  • O engenheiro técnico apontado como responsável por reforma no edifício esclareceu à polícia que começaria as obras no prédio no último dia 15 de outubro, data em que a edificação desabou.

Falhas na estrutura

A síndica do edifício solicitou, um mês antes do desabamento, um orçamento para recuperação estrutural. No dia de 19 de setembro, a vistoria técnica da empresa detectou pelo menos 135 pontos com falhas estruturais na área do pilotis.

Empresa filmou paredes rachadas do edifício Andrea dias antes do desabamento

O orçamento pedido pela síndica foi entregue no último dia 30, mas a proposta foi recusada dois dias depois, porque uma concorrente ofereceu o serviço com menor custo.


Durante a visita técnica, eles diagnosticaram rachaduras nos pilares, concreto soltando da armação e ferros soltos. Na casa de bomba, onde é feito o transporte da água da cisterna para a caixa, Alberto Cunha revela que o ambiente concentrava a maior parte das falhas.