Um condomínio de Campo Grande resolveu encher os blocos de apartamentos com um recado muito claro: em briga de marido e mulher, funcionários e vizinhos devem meter a colher

Em Campo Grande, um condomínio adotou um sistema diferente para combater violência doméstica. A iniciativa tem funcionado.

O ex-marido de Bruna foi condenado por tentativa de feminicídio. Ele quebrou o braço dela e a espancou até com um pé de cabra. As agressões começaram dentro de casa e continuaram na rua. No momento da agressão nenhum vizinho ajudou.

“Eu não entendia porque eu bati em várias portas, em algumas casas que não tinham portão. Eu gritei e ninguém saía, ninguém acendia uma luz, ninguém gritava para ele parar em algum momento", conta Bruna Oliveira dos Santos, palestrante.

Para mudar essa história, esse condomínio em Campo Grande fez placas e todos são orientados a acionar a Policia Militar em casos de agressão doméstica contra mulheres e crianças. Aqui, em briga de marido e mulher... "A gente mete a colher sim e a gente orienta todo mundo, tanto os funcionários como as pessoas a meter sim a colher. Porque tem muitos casos que as pessoas se omitem ou até mesmo quando a polícia chega a pessoa fala que não aconteceu nada e fica por isso mesmo. Nós não, independentemente se a pessoa falar que não aconteceu nada ou não a gente tem essa atitude de chamar a polícia”, afirma Helder Lacerda Oliveira, síndico do condomínio.

A ideia foi realmente chamar a atenção. Quem chega no condomínio, seja morador ou visitante, se depara com o aviso na entrada do prédio. Para que o alerta se espalhe por todas as 5 mil pessoas que moram no condomínio, o síndico decidiu instalar as placas em todos os 18 blocos. A medida foi tomada por causa dos casos de violência.

O Luciano Melo é zelador noturno e socorreu um caso grave de briga entre casais: “Começou uma briga entre o casal e o rapaz agrediu a mulher e ela, para se defender, usou a faca. A gente tem que se meter porque a gente não pode ver uma agressão dessa passar em branco".


Os moradores aprovaram e vão redobrar a atenção. "A gente tem que olhar, orientar as pessoas, né? Chega de violência ", diz a aposentada Ângela Faria Cordeiro Tavares.

Segundo Jaqueline Machado, juíza responsável pelos casos de violência doméstica de Mato Grosso do Sul, a iniciativa do condomínio deveria ser adotada em todo o país: "Isso está começando a mudar, ainda bem. Porque esses vizinhos estão entendendo que é papel deles também denunciar, em um crime contra a mulher, em um crime contra a criança. A gente tem que fazer a denúncia, a gente tem que ligar para a polícia, porque a gente pode estar salvando uma vida."