Funcionários do condomínio afirmam ser alvo de ofensas frequentes. Caso foi denunciado por vizinha, que flagrou agressões

Moradores de um prédio em Niterói registraram queixa contra um vizinho, por ofensas contra funcionários do edifício. Ele vai ser investigado por preconceito racial.

Faxineiro do prédio há 17 anos, José Isidoro diz que escuta ofensas frequentes de um morador que vive lá há seis anos. “Ele chama de macaco, safado, me chama de corno”, desabafa o funcionário.

Em fevereiro, as câmeras de segurança do prédio registraram que as agressões não ficam só nos insultos verbais. O morador, identificado como Luis Claudio Borges, entra no prédio e vai direto para a portaria dar um chute em direção ao faxineiro. Depois, ele mostra a língua, se aproxima de novo do funcionário, volta para a porta, e retorna com um gesto obsceno e a ameaça de mais um chute.

“Ele chutou minha canela”, afirmou o funcionário.

A cena foi vista por uma vizinha que decidiu tomar providências. Ela registrou o caso com José na delegacia de Niterói e entrou em contato com a Comissão de Direitos Humanos da Câmara municipal, que abriu um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais. Luis Borges passou, então, a ser investigado por suspeita de "injúria por preconceito".

O registro na delegacia aponta que, numa reunião do condomínio, Luis Borges pediu ao síndico que demitisse José e o porteiro Irlan, porque eles eram negros e moradores de comunidade.

“Eu acho que é obrigação da gente gritar contra isso, né, que não basta não ter preconceito, a gente tem que lutar contra o preconceito”, disse Solange Ribeiro, a vizinha que denunciou as agressões de Luis.
O porteiro Irlan também registrou denúncia, já que também se diz vítima dos xingamentos.

“Ele entrou na portaria mandando sinal feio para mim, daí eu debati com ele. Fui questionar ele sobre um assunto que ele foi comentar com o sindico sobre mim, aí ele começou a me ofender falando que eu sou nada, que paga meu salário... Eu comecei a debater com ele, ele me chamou de neguinho, aí não gostei, entendeu. Ele falou ‘ah é isso mesmo, você tem que respeitar morador’. Eu falei ‘você também tem que respeitar trabalhador’”.

O RJ1 tentou conversar com Luis Claudio Borges quando ele saiu para passear com o cachorro, mas ele não quis falar. “Eu não tenho nada a declarar, não tenho nada a declarar”, insistiu.