Moradores de condomínio do DF reclamam de constantes apagões

Quedas de energia no Via Solare, em Samambaia, fazem condôminos perderem eletrodomésticos, remédios e a paciência

A falta de energia se tornou problema constante na rotina dos moradores do Condomínio Via Solare, em Samambaia Sul. Desde que o empreendimento foi entregue, em março de 2016, há queixas sobre apagões. Porém, em setembro de 2018, os 510 apartamentos do Via Solare foram quase todos ocupados e a situação ficou ainda mais grave.

“Todos os dias, ficamos na escuridão. O sonho da casa própria está se tornando um pesadelo”, desabafa Naiara Lourenço, bancária, 32, que vive no condomínio projetado e construído pela Via Engenharia há mais de um ano.

Segundo o síndico do Via Solare, Rodrigo Garcia, a administração procurou uma empresa de engenharia elétrica para fazer uma avaliação nos quatro blocos do condomínio. O laudo emitido em 2017 constatou que os disjuntores estavam danificados e alguns equipamentos foram revestidos com plástico, material inflamável.

Os disjuntores foram trocados, mas as instalações continuaram fora das diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e em mau estado de conservação.

 Durante a sobrecarga, os disjuntores internos são desarmados, assim como os externos, da Companhia Energética de Brasília (CEB). Em nota, a empresa informou que não tem como resolver o problema enquanto um muro cuja obra está interrompida não for afastado da rede elétrica.

“Não é só sobre não poder assistir à novela, à noite, por falta de energia. A geladeira e a máquina de lavar estragaram”, destaca a professora Daniela de Jesus, 36. “Além disso, ainda temos de morar dentro de um canteiro de obras de um empreendimento que é o mais caro de Samambaia”, acrescenta.

 A supervisora administrativa Lidiane Amorim, 32, conta que se mudou para o Via Solare há cerca de dois anos, com a mãe, marido e dois filhos. Ela diz que, no começo, os apagões aconteciam com menos frequência, mas, nos últimos meses, a situação se tornou “intolerável”.

“Antes, caía [energia] em apenas alguns blocos. Agora, acontece sempre em todos. Os bombeiros, muitas vezes, vêm para tirar alguém que ficou preso no elevador. Tem gente por aqui que usa aparelho respiratório ou que faz hemodiálise. Como ficam essas pessoas?”, questiona a moradora. Lidiane diz que já chegou a ficar 12 horas sem energia. “E, no outro bloco, já foram 48 horas”, acrescenta.

A aposentada Solange Marcondes, 57, tem motivos para ficar ainda mais apreensiva com a situação: ela toma medicamentos para artrite reumatoide e precisa deixar a injeção no refrigerador para que não estrague. A medicação custa cerca de R$ 9 mil, mas é a rede pública quem arca com a despesa. “Não posso ficar sem, porque passo a sentir mais dores”, afirma.

A filha da gerente de drogaria Lana Sayão, 23, tem 1 ano e 3 meses de idade. No domingo (30/9), a menina atingiu 38,7ºC de febre. Ao tentar ligar o umidificador para ajudar a garota, Lana percebeu que o aparelho havia quebrado durante um apagão. “Se passamos um domingo à noite com energia, foi muito”, critica. Para complementar a renda, ela vende picolés e geladinhos, que estragam a cada queda de luz.

O outro lado

A Via informa que recebeu o laudo técnico da empresa contratada pelo condomínio e acionou a companhia responsável pelas instalações para monitoramento e vistoria do sistema, a fim de identificar a origem das quedas pontuais de energia.

“Ressaltamos que o próprio laudo conclui que o condomínio possui boa infraestrutura elétrica em conformidade com a ABNT”, destacou em nota. Em reunião técnica com a administração do Via Solare nessa quarta (3/10), a construtora se prontificou a fazer as correções necessárias.

Sobre as obras da segunda fase do Via Solare, a empresa informou que foram paralisadas “até que haja condições favoráveis de mercado para o lançamento e comercialização de novos imóveis”.