Problemas com o esgoto

Quase um ano depois, moradores de condomínio invadido por esgoto no RS reclamam que problema continua

 

Em julho do ano passado, o Jornal do Almoço, da RBS TV, mostrou a situação de moradores de um condomínio do Minha Casa Minha Vida, que tiveram seus apartamentos invadidos por esgoto. Quase um ano depois, o problema continua. Como medida de emergência, os próprios residentes fizeram desvios no encanamento para evitar as inundações.

O esgoto já atingiu 60 apartamentos do térreo. Na casa da Ana Paula Souza dos Santos, foram tantos vazamentos que o piso está todo solto e quebrando.

"Invadiu tudo, quarto, sala, era só o trabalho de limpar. A pessoa dava a descarga lá em cima. Quando a pessoa dava descarga, a caixa de gordura enchia e transbordava tudo", lamenta. "A gente mora aqui porque não tem outro lugar pra morar, né? Porque a gente vive com esgoto a céu aberto, a gente está sujeito a bicho. No meu apartamento tem rato, tem barata", completa.

A dona de casa Nilza Souza dos Santos conta que a filha dela, que tem dois filhos, teve de abandonar o local. "Isso aqui era só fezes, fezes por tudo. Eu pegava uma sacola e ia desenturpir, não tinha o que fazer, desetunpia e vinha tudo de novo para o apartamento. O que ela fez? Pegou e saiu", relata.


Os prédios foram construídos há cinco anos, e há três o esgoto invade os apartamentos. No condomínio moram 970 pessoas.

De vez em quando, um caminhão limpa-fossa retira o esgoto, mas os moradores dizem que não é suficiente. Em alguns apartamentos, o improviso dos canos desviados não funciona mais, e até o vaso sanitário teve que ser elevado para não transbordar.

A solução para o problema está ao lado do condomínio. Porém, a estação de tratamento está parada, com o mato tomando conta. Funcionou por pouco mais de um ano.

"Em 2012 eles liberaram o habite-se, desde então a estação trabalhou algum tempo e depois do ofício que nos mandaram pararam de fazer o tratamento. Eles não informam nada, eles fazem as reuniões deles, não me chamam para nada, não me dão uma satisfação do que vão fazer", reclama o síndico Adriano Luiz Bolsoni.

Desde o ano passado, o Ministério Público tenta uma solução com a Caixa Econômica Federal, a Prefeitura de Santo Antônio da Patrulha, a Corsan e a construtora Conterra. O projeto para a estação voltar a funcionar foi entregue esta semana pela Corsan. A obra deve custar R$ 920 mil.

"A ideia agora é mostrar para os envolvidos o projeto, e a gente agendar uma nova reunião para que a gente consiga sentar e, enfim, resolver quem vai ficar responsável pelo que. A gente tem opções de dividir esse custo, tem opções de dividir a mão-de-obra pelos investigados, os materiais por alguns dos investigados, então vamos sentar e decidir se conseguimos resolver isso de uma forma extrajudicial ou se vai ser necessário judicializar essa questão", dix a promotora Graziela Veleda.

"É um absurdo, né? Um descaso com a população", desabafa a subsíndica Inês Maria Cappelari.

A Corsan informou que a Estação de Tratamento está sem operar porque o sistema de esgoto local não foi executado de acordo com o projeto, impossibilitando o recebimento da obra. Mas a empresa que executou a obra disse algo diferente: que fez as obras conforme o projeto elaborado pela Caixa Econômica Federal, e que a Corsan entregou à Conterra o termo de recebimento da obra da estação de tratamento.

A Caixa Econômica Federal esclareceu que não elabora projetos e que o projeto da Estação de Tratamento foi elaborado e encaminhado pela empresa Conterra para a Corsan, que teria aprovado o projeto, e que, na época, a prefeitura assumiu a responsabilidade pela aprovação do projeto, operação e manutenção da estação.

Já a Prefeitura de Santo Antônio da Patrulha informou que contratou caminhões limpa-fossa para amenizar a situação. Acionou, então, o Ministério Público, na tentativa de responsabilizar a Caixa e a empresa, para que providências fossem tomadas.