Condôminos temiam dano estrutural, afirma Valdelice Maria da Silva. Prédio no Castelo Branco foi um dos 3 pontos da cidade com abalos nesta segunda, segundo bombeiros.

Quando o chão de sua sala começou a tremer nesta segunda-feira (2), em Ribeirão Preto (SP), a síndica Valdelice Maria da Silva ainda não sabia do terremoto de magnitude 6,8 na Bolívia. Mas isso não a poupou da preocupação de que algum dano estrutural pudesse ter comprometido o prédio em que trabalha na zona leste da cidade.

"Até então a gente não sabia o que estava acontecendo, se era do condomínio, de onde vinha, mas é assustador", diz.
Foi assim que, logo depois de chamar bombeiros e engenheiros, ela decidiu por iniciativa própria orientar a evacuação do edifício comercial de 25 andares com cerca de 1,2 mil pessoas no bairro Castelo Branco.

O local, reocupado pouco tempo depois e com riscos descartados, foi um dos três endereços em Ribeirão Preto onde moradores relataram tremores na manhã desta segunda, quando várias cidades brasileiras sentiram os reflexos do terremoto com epicentro na Bolívia.

Segundo o Corpo de Bombeiros, também houve pequenos abalos na Rua Visconde de Inhaúma, no Centro, e na Rua Minas Gerais, nos Campos Elíseos.

"O relato das pessoas envolvidas foi de maneira uniforme, dizendo que sentiram uma movimentação lateral dos prédios, perceptível inclusive para quem estava sentado em suas cadeiras", afirmou o primeiro tenente Eric Cocce.

De acordo com o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, a sensação relatada pelos moradores de Ribeirão Preto não é incomum diante de fenômenos sísmicos como o registrado na Bolívia.

"Pessoas em andares mais altos de prédios puderam sentir a vibração das ondas emitidas por este tremor que ocorreu a mais de 1.500 quilômetros de distância", informou, em nota.

Prédio evacuado

Segundo moradores, o prédio comercial na Rua Alice Além Saadi foi esvaziado em aproximadamente uma hora, depois do registro de dois pequenos abalos.

Valdelice conta que mesmo após sentir o primeiro tremor não se assustou, mas começou a ficar preocupada diante do acúmulo de ligações para sua sala.

"Funcionários da recepção começaram a interfonar para minha sala dizendo que os condôminos, proprietários e funcionários estavam reclamando que o prédio estava tremendo. Pedi de imediato que chamassem os nossos engenheiros pra que viessem pra saber o que estava acontecendo", diz.

Uma hora depois, com a sensação de um novo tremor, a síndica decidiu pedir a todos que descessem até que a situação fosse esclarecida.

"Resolvi chamar o bombeiro e por segurança evacuar o condomínio, uma vez que nós temos mais de 1,2 mil pessoas por dia trabalhando e tem muito movimento de visitantes."

O jornalista Leonardo Del Sant trabalha em uma sala no 19º andar e afirma não ter sentido nenhum movimento estranho, mas ficou apreensivo quando soube o que estava acontecendo.

"Descemos de elevador mesmo. Óbvio que com um pouco de temor, mas logo depois foi visto que não tinha nada demais", conta.

Terremoto na Bolívia

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o terremoto aconteceu às 9h40 pela hora local (10h40 de Brasília) e teve epicentro no sul boliviano, a 13 km de uma localidade chamada Carandayti, com uma profundidade de 557 km.

O jornal local "El Deber" informou que, pela força do abalo, ele foi sentido também em regiões mais ao norte do país, como Cochabamba. A região do epicentro é próxima do norte paraguaio.

Um funcionário do Observatório de San Calixto ouvido pelo "El Deber" disse que não há, até o momento, informações sobre danos a pessoas ou estruturas na Bolívia.

No Brasil, os reflexos fizeram com que fossem esvaziados edifícios em São Paulo, Brasília e outras localidades.