Danos elétricos causam maior número de sinistros

Para evitar acidentes, síndicos fazem manutenção periódica nos condomínios

Recente levantamento realizado por uma seguradora do país mostrou que a principal ocorrência de sinistros em condomínios ocorre devido a danos elétricos (48,2%). A segunda maior ocorrência é a quebra de vidros que totaliza 14,1% dos sinistros.

Os eventos da natureza, tais como vendavais, tornados e granizos, respondem por um em cada dez (9,7%) sinistros.

Outro levantamento, dessa vez promovido pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre), apontou que acidentes com eletricidade causaram 599 mortes no Brasil em 2016. Desses, 171 foram acidentes domésticos.

Para a engenheira eletricista Lívia Barreto de Melo, o elevado índice deve-se à falta de hábito do consumidor em fazer a manutenção do sistema elétrico. “Por não ser um perigo evidente, visível, não faz parte da rotina das pessoas.

O que o consumidor esquece é que o sistema elétrico tem prazo de validade. O liga e desliga, disjuntor velho, tudo pode gerar aquecimento e provocar incêndio se não for feita a manutenção correta”, diz a engenheira, lembrando que, independente do local, é aconselhável fazer uma avaliação anual, principalmente nas fiações antigas que ainda usam fios rígidos, ao contrário de hoje quando se utilizam fios mais flexíveis e maleáveis.

Segundo Lívia, os erros mais comuns provocados pelo consumidor é não obedecer ao uso correto das tomadas elétricas - na maioria das vezes, o usuário diversifica o seu uso para vários equipamentos, quando ela foi projetada para um único aparelho eletrônico - e a sobrecarga de energia.

“Se o usuário, por exemplo, instalar um aparelho de ar-condicionado, um freezer mais potente ou até mesmo uma torneira elétrica em um apartamento sem obedecer às especificações elétricas do imóvel, isso pode gerar uma sobrecarga e causar incidentes”, alerta Lívia.

Ela aconselha aos síndicos que, além de manter as instalações em dia do condomínio, utilizem mecanismos de segurança para evitar danos elétricos e proteger as pessoas como o Disjuntor Residual (DR), e o Disjuntor de Proteção de Serviço (DPS). Eles são obrigatórios e devem ficar no quadro do disjuntor.

Síndicos em alerta
Preocupados com o problema, alguns síndicos de Florianópolis seguem uma rotina de segurança e não abrem mão de certos cuidados.

Para impedir acidentes, a primeira atitude é fazer a manutenção periódica. Um bom exemplo é o da síndica Ingrid Schmidt Beduschi.

Administradora do Edifício Alvalade, do bairro Itacorubi, Ingrid, além de fazer a manutenção na parte elétrica do condomínio, por intermédio de uma empresa particular, também sempre recorre ao trabalho de um eletricista ao invés de colocar em risco a segurança do zelador.

A síndica Ingrid Schmidt Beduschi, além de fazer as manutenções elétricas participa de cursos para manter a segurança do prédio.

Como o condomínio tem 21 anos de idade, ela projeta – depois da pintura que está fazendo no prédio - uma ampla reforma que envolve a troca dos disjuntores e de toda a fiação.

“Prefiro trabalhar com a prevenção do que correr atrás do prejuízo”, diz a síndica, que está há sete anos à frente do condomínio que reúne, em uma torre, 20 apartamentos.

Segundo ela, os problemas mais comuns no prédio são quedas de luz, o que já provocou estrago de disjuntor nos apartamentos, e imprevistos com chuveiros elétricos, já que o edifício não utiliza o sistema a gás.

Ingrid também costuma frequentar eventos ligados a condomínios. Ela diz, inclusive, que o zelador do prédio assistiu a uma palestra administrada pelos bombeiros em um edifício da redondeza.

“O síndico organizou o curso para zeladores depois que o edifício que ele administra passou por um incêndio”, ressalta Ingrid.

“Eventos semelhantes sempre agregam conhecimento e trazem melhorias ao condomínio. Essa semana, por exemplo, tem um curso de três dias da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), do qual pretendo participar”, adianta.

A exemplo de Ingrid, a síndica Amarilis Feubak, que administra o condomínio Drumond de Andrade, localizado na Rua Felipe Schmidt, no centro de Florianópolis, também promove periodicamente a manutenção do prédio, um condomínio misto, com oito lojas, oito salas comerciais e 12 apartamentos.

“Embora com 26 anos de existência, nunca tivemos nenhum problema elétrico. Fizemos acompanhamento do sistema elétrico através da Celesc e de uma empresa especializada”, afirma Amarilis, que trabalha no local há 16 anos.

“Há dois anos fizemos uma reforma geral na parte elétrica já que o prédio é muito antigo”, completa.

Pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) avaliou as condições das instalações elétricas residenciais.

Segundo o estudo, apenas 29% das residências brasileiras têm projeto elétrico e 52% não têm fio terra.

O padrão da tomada de três polos, adotado obrigatoriamente a partir de 2011, está presente em somente 35% dos domicílios, de acordo com o levantamento.

O modelo leva em consideração a legislação de 2006 que exige que as construções tenham sistema de aterramento.

As condições elétricas da própria residência foram consideradas inseguras por 34% dos moradores.

Dentre esses, 19% disseram já ter levado ao menos um choque elétrico.