Em Santos, coleta seletiva cresce 30% após lei

Se a tendência se confirmar, serão recolhidas 90 toneladas a mais

Números iniciais demonstram a adesão popular ao Programa Recicla Santos, que obriga a separação do lixo orgânico do reciclável na Cidade. Em apenas duas semanas de vigência, o volume processado por cooperativas santistas aumentou 30%.

Os dados redobram a expectativa de redução do montante gasto pela Prefeitura para a destinação final dos detritos. O encaminhamento correto do que pode ser transformado em matéria-prima já é visto como alternativa para postergar a vida útil do único aterro sanitário privado da região – o Sítio das Neves, na Área Continental de Santos.

O balanço parcial foi apresentado com exclusividade para A Tribuna pelos secretários municipais de Meio Ambiente, Marco Libório, e de Serviços Públicos, Carlos Alberto Tavares Russo.

“Apesar de ainda não termos fechado o ciclo mensal, nas aferições diárias verificamos um expressivo aumento na coleta seletiva”, assegura Libório.

Caso o percentual seja mantido, o aumento mensal na coleta de recicláveis será de 90 toneladas de materiais recicláveis, que antes teriam como destino o aterro sanitário. Esse montante se somaria à média de 300 toneladas por mês, já retiradas via coleta seletiva.

O sucesso do programa já obriga um maior número de viagens dos caminhões do serviço de coleta seletiva na Cidade. “A resposta da sociedade foi expressiva, mas precisou ter uma medida punitiva para as pessoas aderirem à iniciativa”, diz Russo.

Em média, cada morador de Santos produz 1,2 quilo de lixo por dia. Calcula-se que até 40% desse montante poderia ser reutilizado.

“O programa existe há 26 anos e nunca passamos do índice de 3% de reciclagem do total levado ao aterro sanitário. Esses números são bastante expressivos e nos deixam otimistas para ultrapassar, pela primeira vez, essa marca”, continua o titular do Meio Ambiente.

Aumento de coleta

Aparecida e Boqueirão foram os locais que mais registraram aumento na retirada de material reaproveitado. Os bairros são, respectivamente, o segundo e o quarto mais populosos da Cidade (Embaré é o primeiro e a Ponta da Praia, o terceiro). De acordo com o Censo de 2010, do IBGE, juntos, as duas localidades têm 15,5% da população santista.

Libério explica que os trabalhos nos dois bairros foram reforçados. “Tivemos que fazer duas viagens no mesmo dia (da retirada de lixo limpo semanal nesses locais) e já prevemos três itinerários para recolher tudo o que é necessário”, sintetiza. Por ora, a pasta descarta mudanças no cronograma da coleta seletiva na Cidade.

O trabalho extra revela que os condomínios continuam utilizando a coleta seletiva municipal. Síndica profissional de dois prédios, Priscila Oliveira destaca ter percebido um aumento de 20% na separação nessas localidades. O volume ainda é inferior à categoria de grande gerador, razão pela qual ela descarta a terceirização do serviço.

Fiscalização e terceirização

A falta de fiscalização é o motivo apontado para a baixa procura de condomínios para a terceirização do serviço. O presidente da ONG Sem Fronteira, uma das entidades aptas para a retirada do lixo reciclável na Cidade, Marcelo Adriano acredita que isso deve mudar com a aplicação de multas. A sanção financeira deve começar em até 90 dias, prazo estipulado para a consolidação das regras municipais.

Sozinha, a entidade recicla cerca de 50 toneladas de material por mês. A quantidade não é computada nos cálculos da Prefeitura, por ser um serviço terceirizado. E emprega 30 pessoas, com ganhos médios de até um salário mínimo (R$ 937,00).