Multitarefas

No dia do porteiro, profissionais narram desde matar baratas até encobrir amantes

Eles são boa praça. Estão, na maioria das vezes, dispostos a dar aquela força. São requisitados para as atividades mais peculiares possíveis, como a de matar barata. E, se precisar, ainda dão cobertura para os casais de amantes. No dia do porteiro, comemorado nesta sexta-feira, o EXTRA foi às ruas descobrir com esses personagens e os condôminos o que é preciso para ser um porteiro nota mil.

Trabalhando na portaria do famoso edifício "Balança mais não cai", no Centro do Rio, há 10 anos, o porteiro Vagner Lucena, de 33, diz que já passou por histórias hilárias, durante todo esse tempo de carreira:

— Quem lida com o público sempre tem alguma história para contar. Eu tenho várias. E já digo logo: não sou fofoqueiro! Há mais ou menos dois anos, passei por uma situação muito complicada. Um morador, que já se mudou, entrou no prédio com uma gata. Achei estranho porque conhecia a namorada dele. Ela entrou primeiro no elevador e ele voltou à portaria e disse: "se a minha namorada chegar, diga que não estou em casa e que a empregada levou a chave reserva". E não é que a dita cuja apareceu? Fiquei até nervoso, mas consegui salvar o morador — revela Lucena.

Para a secretária Maria Deuce, de 59, que trabalha no prédio onde Vagner é porteiro, o grande diferencial do rapaz é ter o jogo de cintura de saber lidar com pessoas de diferentes personalidades:

— Esse é um prédio misto. As pessoas que ficam aqui são bem diferentes umas das outras. Tem o pessoal bem bacana e os mais chatos. Mas o grande lance dele é sempre manter o sorriso e a educação. Valorizo muito o trabalho dele e de todos os porteiros.

Mário Wilson é porteiro há 7 anos Mário Wilson é porteiro há 7 anos Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
No edifício Onze de Junho, no Centro do Rio, quem coloca ordem na portaria é o Mário Wilson Marinho, de 50. Porteiro há 7 anos, ele diz que já trabalhou como supervisor em uma empresa de entregas de produtos e como auxiliar de produção. Mas foi na portaria que ele se encontrou.

— Me sinto feliz com o que faço e sei da importância do meu trabalho. Me divirto muito. Tem gente que me chama até para matar barata. A história mais curiosa que já presenciei foi a de um casal de moradores que chegaram a namorar dentro do elevador. Eles eram novos nop prédio e só pararam depois de perceber que tinha câmera. A mulher ficou tão nervosa que chegou a quebrar o equipamento de segurança. A única coisa que fiz foi comunicar o fato ao sindico, mas tudo se resolveu — conta Mário.

Curso

Para que deseja se especializar na profissão, o Senac-RJ oferece um curso destinado para a formação de profissionais que irão trabalhar como porteiro e vigia. A especialização tem duração de 160 horas.

O curso é desenvolvido com foco em atividades práticas e cotidianas do ambiente profissional e a metodologia envolve análise e solução de problemas, estudo de casos, projetos, pesquisas e outras estratégias que integrem teoria e prática e focalizem o contexto do trabalho. Segundo o Senac, o salário inicial é de R$1.153,20, chegando à R$2.932,60. Em média, a remuneração é de R$1.517,60.

Três questões para ser o melhor porteiro

Quais são as características de um bom porteiro?

O porteiro deve ser responsável, assíduo, pontual, de boa apresentação pessoal, cumprindo e fazendo cumprir as determinações superiores e normas condominiais. É importante que ele também seja amistoso, atencioso, ter iniciativa, primando pela formalidade.

O que um porteiro não pode fazer de jeito nenhum?

Ele não pode abandonar seu posto de trabalho, tomar como pessoais os conflitos de interesse decorrentes de suas atividades, nem deixar que seus problemas pessoais atrapalhem o desempenho profissional.

Qual o limite para a intimidade com os moradores?

O limite de relacionamento com os condôminos de modo geral, deve limitar-se ao profissional, jamais ultrapassando para o âmbito pessoal, ainda que o morador dê liberdade ou precedente.